Uma reflexão sobre a família e sua importância.

Hoje é dia 15 de Maio, dia da família! Pensando nisso, formulei este breve texto com as definições de família, bem como a sua importância na formação do ser humano.

Logo de cara nos deparamos com o fato de que conceituar família envolve muitas idealizações e, como cada um ou cada estudioso tem a sua própria visão de família, temos aí uma infinidade de definições. Em geral, a família é entendida como sendo uma entidade que legitima o indivíduo na sociedade, faz o seu papel de inseri-lo em toda a sua cultura e costumes. A ideia de "família tradicional brasileira" vem de lá dos tempos em que nosso país ainda era uma monarquia, uma família patriarcal, onde o patriarca zelava pela "moral e bons costumes" dentro da família, mesmo que isso significasse uma relação de dominação, austeridade e violência, tudo para não manchar o "nome da família".

É nítido o choque cultural que presenciamos hoje em dia quando falamos em família. Os mais velhos, com toda a sua sabedoria, ficam muitas vezes embasbacados com tamanha diferença do que é hoje para com o que se via lá "no seu tempo"! O modelo ideal de família brasileira mudou, e muito! Na maioria das famílias brasileiras temos a mulher no papel de chefe da família, muitas vezes cuidando sozinha dos filhos, trabalhando fora e trazendo o sustento para dentro de casa, filhos adultos que moram com seus pais idosos, casais homoafetivos que esperam adotar crianças, outros parentes que residem na mesma casa e que comungam junto com a família nuclear (pai, mãe e filhos) o mesmo espaço e a mesma vida. Isso sem falar de muitos amigos que se "juntam" para dividir as despesas e, morando na mesma casa, podem também ser uma família!

Mas eu acredito que mais importante do que definir família conceitualmente é entender sob o ponto de vista psicológico para quê ela serve! Basicamente, a família tem o propósito de prover um contexto que atenda às necessidades primárias de seus membros, no que diz respeito à sobrevivência - segurança, alimentação, um lar - ao desenvolvimento afetivo, cognitivo e social e ao sentimento de sentir-se aceito, cuidado e amado. A família é o primeiro ambiente no qual se desenvolve a nossa personalidade, onde acontecem as primeiras relações sociais e que são o protótipo de todas as outras relações que vamos ter com o mundo, é nossa matriz de identidade pessoal e social. Quanta coisa envolvida, não é mesmo?

Com base nisso, podemos entender que a família só acontece quando tudo isso que vimos no paragrafo acima ocorre. Não são apenas os membros que fazem uma família, mas sim o contexto psicológico favorável que permeia as relações entre essas pessoas e as tornam parte de uma família que promove o acolhimento e o desenvolvimento de seus membros. Em um contexto desfavorável, a família se torna disfuncional, pois tudo o que ela deveria promover não promove e isso pode gerar, junto com outros fatores igualmente importantes, várias situações de fragilidade, tais como padecimentos psicológicos e emocionais que englobam a depressão, o estresse, o uso abusivo de substancias como drogas e álcool, além de prejudicar a convivência social, gerando a delinquência e o aumento da violência nos centros urbanos.

Cabe aqui uma breve reflexão sobre o que podemos fazer então para preservar nossas relações familiares? Já que a família é responsabilidade de cada um de seus membros, podemos zelar pelas relações dando preferência ao diálogo aberto e franco, usar e abusar da empatia e não economizar na disponibilidade de um tempo de qualidade para cultivar e desenvolver as relações! Carinho, respeito e companheirismo não são dados, são construídos! Cuidar da própria saúde mental ajuda bastante, sem falar que, na emergência de algum problema mais grave e que possa abalar a estrutura familiar, consultar sempre um profissional para o cuidado da família como um todo e nisso o psicólogo pode dar especial ajuda.

Famílias fortes formam uma sociedade forte e indivíduos resilientes! Reflita nisso e trabalhe por isso! Afinal, o resultado disso beneficia a todos!